A maioria de nós, em boa parte do tempo, se sente excluída – desajustada. Não nos sentimos parte de algo. Outros parecem estar tão confiantes, tão certos de si mesmos, “tão dentro” que conhecem os atalhos, os chefões de um clube do qual estamos excluídos.
Uma das maneiras que temos de responder a isso é formarmos o nosso próprio clube, ou nos juntarmos a um que nos aceite. Eis aqui ao menos um lugar onde estamos “dentro” e os outros “fora”. Os clubes variam de ajuntamentos informais a formais: políticos, sociais, culturais e econômicos. Uma coisa, no entanto, que eles têm em comum é o princípio da exclusão. Identidade ou valor são conquistados ao se excluir a todos, exceto os escolhidos. O preço terrível que pagamos por manter todas aquelas outras pessoas de fora a fim de saborearmos a doçura de estarmos dentro é uma redução da realidade, um encolhimento da vida.
Em nenhum outro lugar esse preço é mais terrível que quando pago na causa da religião. No entanto, a religião tem uma longa história de atos como esses, de redução dos imensos mistérios de Deus à respeitabilidade das regras do clube, do encolhimento da vasta comunidade humana a uma “membresia”. Com Deus, no entanto, não há excluídos.
“Deus é o Deus dos não-judeus excluídos e dos judeus incluídos. Como poderia ser diferente, uma vez que há somente um Deus? Deus coloca em ordem todos os que recebem de bom grado sua ação e se integram a ela, tanto os que seguem seus sistemas religiosos quanto os que nunca ouviram de nossa religião.” – Romanos 3.29b – 30.
Eugene Peterson. Extraído do Livro “Um ano com Eugene Peterson”
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
O primeiro vira-casaca do cristianismo
Dos sete diáconos eleitos pela igreja em Jerusalém pouco depois da descida do Espírito Santo, o primeiro chamava-se Estevão e o último, Nicolau (At 6.5).
Estevão morreu pouco depois da ordenação. Foi jogado fora da cidade e apedrejado impiedosamente. Lucas faz as melhores referências a ele: “um homem muito abençoado por Deus e cheio de poder”, um homem tão cheio de sabedoria que “ganhava todas as discussões”, um “homem que fazia grandes maravilhas e sinais entre o povo” (At 6.5-10).
Já Nicolau, segundo os patriarcas da igreja, teria negado a fé cristã e fundado uma seita herética conhecida como os nicolaítas, “um grupo de pessoas que eram provavelmente dadas à idolatria e à imoralidade”, como se pode ver nas cartas às igrejas de Éfeso (Ap 2.6) e Pérgamo (Ap 2.14-15).
Se os pais da igreja estão corretos, Nicolau de Antioquia era, com todo respeito, um vira-casaca religioso. Muitos escritores dos cinco primeiros séculos o acusam de ser o responsável pelo movimento herético e moralmente nocivo que surgiu na antiga Ásia Menor (hoje Turquia) em meados do primeiro século. Porque favorecia a idolatria e a imoralidade, como o vidente Balaão (cujo nome aparece 66 vezes na Bíblia), os nicolaítas eram chamados de seguidores de Balaão (Ap 2.15) ou “balaanitas” (em hebraico).
Nicolau deixou o paganismo e converteu-se ao judaísmo (At 6.5). Depois, abandonou o judaísmo e converteu-se ao cristianismo. Mais tarde, afastou-se do cristianismo e tornou-se herético (caso se possa confirmar a acusação que há contra ele). Mudou três vezes de credo. Entrou na igreja militante e dela se retirou. O mesmo aconteceu com Demas, o cooperador de Paulo (Fm 24), que abandonou o apóstolo e a fé por ter se apaixonado por este mundo (2 Tm 4.10).
Porém, antes de acontecer com Nicolau e com Demas, aconteceu também com Judas Iscariotes, que foi mais do que diácono e missionário. Judas abandonou nada mais nada menos do que o ministério apostólico (At 1.25).
De acordo com a tese de João – Judas, Nicolau, Demas e muitos outros daquela época e de épocas posteriores – “saíram de nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco” (1 Jo 2.19).
Extraído da revista Ultimato (Set-Out 2011)
Estevão morreu pouco depois da ordenação. Foi jogado fora da cidade e apedrejado impiedosamente. Lucas faz as melhores referências a ele: “um homem muito abençoado por Deus e cheio de poder”, um homem tão cheio de sabedoria que “ganhava todas as discussões”, um “homem que fazia grandes maravilhas e sinais entre o povo” (At 6.5-10).
Já Nicolau, segundo os patriarcas da igreja, teria negado a fé cristã e fundado uma seita herética conhecida como os nicolaítas, “um grupo de pessoas que eram provavelmente dadas à idolatria e à imoralidade”, como se pode ver nas cartas às igrejas de Éfeso (Ap 2.6) e Pérgamo (Ap 2.14-15).
Se os pais da igreja estão corretos, Nicolau de Antioquia era, com todo respeito, um vira-casaca religioso. Muitos escritores dos cinco primeiros séculos o acusam de ser o responsável pelo movimento herético e moralmente nocivo que surgiu na antiga Ásia Menor (hoje Turquia) em meados do primeiro século. Porque favorecia a idolatria e a imoralidade, como o vidente Balaão (cujo nome aparece 66 vezes na Bíblia), os nicolaítas eram chamados de seguidores de Balaão (Ap 2.15) ou “balaanitas” (em hebraico).
Nicolau deixou o paganismo e converteu-se ao judaísmo (At 6.5). Depois, abandonou o judaísmo e converteu-se ao cristianismo. Mais tarde, afastou-se do cristianismo e tornou-se herético (caso se possa confirmar a acusação que há contra ele). Mudou três vezes de credo. Entrou na igreja militante e dela se retirou. O mesmo aconteceu com Demas, o cooperador de Paulo (Fm 24), que abandonou o apóstolo e a fé por ter se apaixonado por este mundo (2 Tm 4.10).
Porém, antes de acontecer com Nicolau e com Demas, aconteceu também com Judas Iscariotes, que foi mais do que diácono e missionário. Judas abandonou nada mais nada menos do que o ministério apostólico (At 1.25).
De acordo com a tese de João – Judas, Nicolau, Demas e muitos outros daquela época e de épocas posteriores – “saíram de nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco” (1 Jo 2.19).
Extraído da revista Ultimato (Set-Out 2011)
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Perdas e ganhos
A matemática é uma ciência exata, e a contabilidade não poderia ser diferente. Quando queremos saber se algum empreendimento está dando lucro, valemo-nos dela e registramos as perdas e os ganhos a fim de averiguar o saldo, que pode ser positivo ou negativo. Na vida não é diferente – e para o brasileiro isso parece ainda mais real, pois constantemente ele se pergunta: “O que eu ganho com isto?”
Ouço algumas pessoas dizer que não querem tornar-se cristãs porque perderão muitas coisas que o mundo tem a oferecer. Mas será verdade? Resolvi então fazer um balanço: o que ganho e o que perco em seguir a Cristo? Perdi a culpa do pecado e ganhei o perdão e a reconciliação com Deus. Perdi a escravidão que o pecado me impunha e ganhei a liberdade em Cristo. Perdi a ganância em obter sempre mais e mais e ganhei a satisfação e a gratidão com o que já tenho, sabendo que Deus vai suprir todas as minhas necessidades. Perdi a vontade de buscar em bebidas, drogas ou festas uma alegria passageira e ganhei a verdadeira felicidade, de mesmo em meio a grandes dificuldades ter a alegria do Senhor. Perdi alguns “amigos”, que muitas vezes só eram meus amigos por interesse, e ganhei muitos irmãos e irmãs em Cristo. Perdi a necessidade de confiar em mim e em meus fracos recursos e ganhei a confiança em um Deus que é muito maior, que sabe todas as coisas, que está sempre presente e me ama. Perdi a necessidade de buscar uma razão para a vida e ganhei a perspectiva de Deus do que realmente importa e que é eterno. Posso dizer o mesmo que Paulo, que aos olhos humanos perdeu uma posição invejável, mas ganhou a Cristo, algo muito mais precioso. Faça um balanço de sua vida e, se o saldo der negativo, convide Cristo para entrar nela e transformar seu patrimônio.
Carlise Tiede Käser
Ouço algumas pessoas dizer que não querem tornar-se cristãs porque perderão muitas coisas que o mundo tem a oferecer. Mas será verdade? Resolvi então fazer um balanço: o que ganho e o que perco em seguir a Cristo? Perdi a culpa do pecado e ganhei o perdão e a reconciliação com Deus. Perdi a escravidão que o pecado me impunha e ganhei a liberdade em Cristo. Perdi a ganância em obter sempre mais e mais e ganhei a satisfação e a gratidão com o que já tenho, sabendo que Deus vai suprir todas as minhas necessidades. Perdi a vontade de buscar em bebidas, drogas ou festas uma alegria passageira e ganhei a verdadeira felicidade, de mesmo em meio a grandes dificuldades ter a alegria do Senhor. Perdi alguns “amigos”, que muitas vezes só eram meus amigos por interesse, e ganhei muitos irmãos e irmãs em Cristo. Perdi a necessidade de confiar em mim e em meus fracos recursos e ganhei a confiança em um Deus que é muito maior, que sabe todas as coisas, que está sempre presente e me ama. Perdi a necessidade de buscar uma razão para a vida e ganhei a perspectiva de Deus do que realmente importa e que é eterno. Posso dizer o mesmo que Paulo, que aos olhos humanos perdeu uma posição invejável, mas ganhou a Cristo, algo muito mais precioso. Faça um balanço de sua vida e, se o saldo der negativo, convide Cristo para entrar nela e transformar seu patrimônio.
Carlise Tiede Käser
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